sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Aquela Helena é inócuo

 
Helena não possui voz, nem rosto, é apenas um vulto em minha memória.
Houve o tempo em que ela era mais nítida, mas não tão bela e marcante como agora.
Recordo-me dela passar a mão entre os meus cabelos e fazer um cafuné de mansinho,
e nessa lembrança eu sinto este mansinho prazeroso, mas que no momento não senti.
Francamente tenho dúvida se vivi tudo o que lembro realmente ou se Helena é a
personagem mais bonita da minha cabeça, que não permite que eu a esqueça um minuto
que seja, e fica dando play para as imaginações mais alegres que me caiba assistir.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

diacho


Essa coceirinha aqui do lado de dentro;
desse lado de dentro que bloqueia meu dedo de coçar;
se eu pudesse coçava até machucar, até sair sangue, só pra cicatrizar.
Mas meu dedo não passa e eu continuo agoniada
sentindo essa mágoa que não quer passar

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Do toque que permanece



Não poderia dizer que não lhe quero bem, mentiria, pois quero sim.
Quero-te tão bem e tão distante como um anel, que permanece em
minha mão e vez em quando me toca o coração. Bem apertado por sinal.
Poderia lhe dizer que melhor seria que você partisse para bem longe,
e um dia quem sabe, entrássemos os dois na mesma livraria, na Rua Joaquina Barbosa,
e tocássemos no mesmo livro, como no instante da primeira vista.
Poderia lhe dizer isso, mas não direi. Aquela livraria fechou, se tornando inexistente,
como essa possibilidade remota.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Desse jeito assim.



- Gosto de você assim.
- Assim como?
- Assim, vez em quando duro, espinhento, vem em quando macio, leve.
- Gosto de você assim também.
- Assim como?
- Vez em sempre doce, mesmo que irônica.

Criando afeto




O nascimento do sonho se realizou.
Ainda prematuro, acanhado, mas sorrindo a vida;
sorrindo com esse sorriso de espantar coisa ruim,
sorrindo na dança, se movimentando, se fortalecendo.
Sou forte, sei bem.
Quero ser menina flor, mesmo com espinhos, que é para proteção;
mas quero fazer tão bem quanto a rosa que sorri ao sol no quintal,
e que nem de noite perde a beleza, quando se exibe nua para a lua.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Angel-ina.



Dizem que Angelina significa anjo, e por conta disso decepcionei muitas pessoas.
Não houve intenção, as coisas foram acontecendo, e os estragos não podendo ser reparados.
Pena? Sentia sempre, mas era de mim mesma. Ser sempre tão aguardada para salvar corações enjaulados de deletérios me fez ter uma extrema compaixão por existir, por não poder fugir dessa sina que a vida me colocou.
Quisera eu dar a solidão de mim mesma a mim.
Quisera eu me libertar das grades, assim como um pássaro que preso tem o canto triste, mas liberto irradia melodia.
Quisera eu tornar o mundo solitário de mim.
Quisera eu não desejar tanto e não sentir o peso das exigências que eles me cobravam. Nunca quis decepcionar tanto a mim mesma, por não ter conseguido fazer tanto a você, tanto aqueles que já se foram e aqueles que ainda aguardam algum tipo de salvação do meu olhar meio castanho acinzentado, meio metálico, como você adora dizer.
Queria mesmo não ser Angelina, mas talvez Maria, Helena, Joana.
Quisera eu ser Malvina e assim sorrir com todos os meus dentes em outra vida sendo o melhor que posso ser, e não o que esperam e assim surpreender. 

                                                                                             Rayane Ribeiro

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Volta.




Quis lhe devolver o guardanapo amassado que guardei e que você insistiu que eu guardasse.
Quis esquecer que nele estava escrito ‘amo você enquanto eu viver’.
Quis esquecer quando eu enrolava os pelos do teu peito depois do amor.
Quis esquecer como eu ficava nervosa por você me acordar com teus beijos, mas que no fundo eu amava por me sentir amada.
Quis esquecer  como você ficava chateado quando eu mordia teus lábios muito forte e puxava um fio da sua barba só pra te causar dor  e  isso te irritar.
Quis esquecer de como você colocava os pés na frente das minhas pernas quando eu passava distraída, só pra me fazer cair e você me pegar antes do meu corpo chegar ao chão.
Quis esquecer  do teu corpo querendo atenção quando eu estava ocupada com coisas banais.
Quis esquecer de como eu chorava como criança ao teu lado quando a gente se despedia por que era chegada a hora de você ir para as suas longa viagem de 3 dias a trabalho.
E quis, principalmente esquecer, por conta do meu orgulho, que te enviei essa carta na esperança de que você ainda sinta falta de tudo isso e venha até minha casa enquanto o que eu mais espero na vida é que você volte.
                                                    Escrito por Rayane Ribeiro

terça-feira, 28 de maio de 2013

Não vou me arrepender do que não fiz.







“Maio já está no final, e o que somos nós final se já não
   nos vemos mais, estamos longe demais, longe demais.”
Eu sei que é Maio, mas já me sinto em Agosto. Deve ser por conta de ontem, quando cruzando a Avenida das Palmeiras com a Marechal Luis, quando bem próxima da sua casa, inconscientemente tirei o batom vermelho do bolso e minha mão o desviou da minha boca. Deve ser por conta daquele impulso que tive de rabiscar os muros que eram a paisagem do caminho que daria na sua casa. Não deu pra escrever muito, o batom já estava na metade, e aquele muro frio e duro exigia muito dele, o batom acabou, mas deu pra escrever ainda no muro da sua casa ‘Cadê você?’. Sua casa estava fechada, você não me esperou, você foi embora, mas escrevi assim mesmo. E mesmo que você nunca chegue a ver para me responder, quis deixar registrado para todas as vezes que eu passar lá nestas próximas semanas, enquanto as palavras escritas pelo batom não desaparecerem, que eu fui atrás de você, que eu lutei por este amor, que eu apareci uma hora e meia antes do seu vôo, mas que você não me esperou.


                                                                                  Escrito por Rayane Ribeiro

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Sabe que esqueci?



Subi no teto,
só pra sola do meu pé fazer barulho em cima da sua casa.
Dancei ao som da manga que batia no liquidificador,
pra esquecer da minha dor.
Plantei uma horta,
nasceu carinho,
floresceu afeto,
mas a do amor...
Adivinha?
Murchou.


                                        Rayane Ribeiro

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